
Métodos e processos de trabalho devem estar sempre alinhados aos objetivos estratégicos do hospital
Hospitais e clínicas em todo o país contratam serviços de vigilância patrimonial por meio de empresas terceirizadas ou formam suas equipes orgânicas, utilizando funcionários próprios. Seja como for, essa atividade deve contribuir com as organizações que buscam criar ambientes mais agradáveis e seguros para seus clientes e colaboradores. Neste contexto nasceu a Segurança Patrimonial Hospitalar, cujos métodos e processos de trabalho devem estar sempre alinhados aos objetivos estratégicos do hospital, tornando-se mais um instrumento da alta direção para a concretização destes.
Diariamente os meios de comunicação divulgam notícias sobre eventos que de maneira direta ou indireta causam danos as organizações hospitalares e as pessoas que nela se encontram. Podemos citar alguns tipos de ocorrências de segurança como furto, roubo, agressão, acidentes, incêndio, sabotagem, assim como suicídio e evasão de pacientes, entre muitos outros.
O que diferencia uma organização de outra, no que diz respeito à segurança patrimonial hospitalar, é a qualidade do seu planejamento para as situações de rotina e a atuação frente a emergências, assim como sua capacidade de assimilar as crises geradas por ocorrências de segurança e o modo como conduzirá as ações de contenção e continuidade do atendimento assistencial.
O planejamento de segurança de uma organização hospitalar deve ter como alicerce uma forte política de segurança, amplamente divulgada no âmbito de seus colaboradores, parceiros e clientes, de tal forma que não haja dúvidas quanto à forma de pensar e agir dessa organização. Essa política norteará toda a atuação do departamento de segurança, cuja missão é cumpri-la e assegurar que seja cumprida por todos.
Este planejamento possibilitará ainda a redução de gastos com contratos de seguro, reposição de bens não cobertos pelas apólices e despesas com reparos prediais ou de equipamentos danificados e também não segurados. O simples fato de identificar e eliminar uma fonte de perdas, já constitui uma boa redução de custos no âmbito de qualquer empresa, não sendo diferente para uma organização hospitalar.
Os manuais de acreditação hospitalar da ONA - Organização Nacional de Acreditação e da Joint Comission International possuem capítulos dedicados a gestão de segurança em ambientes hospitalares, demonstrando a grande importância desse processo para as organizações. O planejamento formal e a estruturação de um serviço de segurança patrimonial hospitalar são itens de verificação nas auditorias de ambas as instituições certificadoras.
A importância dada à segurança em organizações hospitalares se deve ao fato incontestável de que esses ambientes são suscetíveis a muitos riscos, decorrentes de comportamentos humanos, acidentais ou intencionais, ou de fenômenos naturais. Estes riscos necessitam de um gerenciamento, levando-os a níveis aceitáveis pela instituição.
O vigilante patrimonial é o profissional que executa os procedimentos de controle de acesso e de pronta resposta nos casos onde se faz necessário, sempre com uma postura alerta e atitude firme, mas sem truculência e principalmente de maneira comprometida com os princípios básicos de humanização e hospitalidade. Este profissional é acima de tudo um prevencionista e, portanto deve inspecionar permanentemente o ambiente sob a sua vigilância, identificando perigos reais ou potenciais que possam causar danos as pessoas ou a organização.
O gestor de segurança patrimonial hospitalar deve participar sempre dos processos decisórios da organização, opinando tecnicamente sobre os impactos dos projetos internos sobre a segurança e o gerenciamento de riscos na organização. Suas recomendações certamente reduzirão as chances de insucesso desses projetos, evitando gastos e conflitos desnecessários, assim como o retrabalho e perda de tempo de profissionais.
Capacitar os colaboradores e parceiros também são missão do departamento de segurança patrimonial hospitalar, obtendo com isso uma efetiva redução na taxa de ocorrências ao conscientizar as pessoas a proverem também a sua própria segurança e dos bens da empresa. A prevenção e a proteção de profissionais da saúde contra a violência no seu local de trabalho é uma tarefa a ser executada em conjunto com os profissionais de segurança, que devem treinar seus colegas da área assistencial a identificar os sinais de alerta de uma potencial agressão, possibilitando afastar-se do perigo antes que lhe cause danos.
Na prática a estruturação de um departamento de segurança patrimonial hospitalar eficiente não é tarefa fácil, pois depende muito da importância dada pela alta administração ao tema, que por sua vez tem diversas dúvidas quanto à melhor forma de conduzir um processo de implantação desse serviço de apoio administrativo.
No Brasil, entidades como a ABSEG - Associação Brasileira de Profissionais de Segurança e a ABSO - Associação Brasileira dos Profissionais de Segurança Orgânica, possuem grupos de estudos dedicados ao desenvolvimento da Segurança Patrimonial Hospitalar, a exemplo da IAHSS - International Association for Healthcare Safety and Security, nos Estados Unidos da América do Norte.
*Carlos Faria é Consultor de Segurança Patrimonial Hospitalar. (faria@carlosfaria.com.br)